terça-feira, 7 de setembro de 2010

SETE DE SETEMBRO



Um dia de glória! - O povo altivo
Trocou sorrindo as vozes de cativo
Pelo cantar das festas!
O leão indomável do deserto
Bramiu soberbo, dos grilhões liberto,
No meio das florestas!

Lá no Ipiranga do Brasil o Marte
Enrolado nas dobras do estandarte
Erguia o augusto porte;
Cercada a fronte dos lauréis da glória
Soltou tremendo brado da vitória:
- Independência ou morte!

O santo amor dos corações ardentes
Achou eco no peito dos valentes
No campo e na cidade;
E nos salões - do pescador nos lares,
Livres soaram hinos populares
À voz da liberdade!

II


Anos correram; - no torrão fecundo

Ao sol de fogo deste novo-mundo
A semente brotou;
E franca e leda, a geração nascente
À copa altiva da árvore frondente
Segura se abrigou!

A roda da bandeira sacrossanta
Um povo esperançoso se levanta
Infante e a sorrir!
A nação do letargo se desperta,
E - livre - marcha pela estrada aberta
Às glórias do porvir!

O país, n'alegria todo imerso,
Velava atento à roda só dum berço.
Era o vosso, Senhor!
Vós do tronco feliz doce renovo,
Vede agora, Senhor, na voz do povo
Quão grande é seu amor!
               Casimiro de Abreu

BIOGRAFIA


(1837-1869)
 Casimiro José Marques de Abreu, nasceu em 1837. Fluminense, era conhecido como "o cantor da saudade". Seu pai, homem de posses, tanto se esforçou para que o filho se dedicasse ao comércio que acabou fazendo-o adoecer. De nada adiantaram os tratamentos de saúde em Portugal e em Friburgo (RJ): o poeta faleceu em 1869, com apenas 23 anos de idade. Publicou um único livro, "Primaveras", em 1859.






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